O Rio Paraguaçu não é apenas um curso d’água. É uma artéria vital, o maior rio genuinamente baiano, que costura a história, a cultura e a economia de dezenas de municípios. Com sua nascente na imponente Chapada Diamantina até a foz, na Baía de Todos-os-Santos, o Paraguaçu é uma das belezas naturais da Bahia.
Um gigante em terras baianas
O nome Paraguaçu, de origem tupi, significa “rio grande” (pará = rio + gûasu = grande), um título que faz jus à sua dimensão e importância.
- Extensão: O rio percorre aproximadamente 600 quilômetros, desde sua nascente.
- Nascente: Localizada no Morro do Ouro, na Serra do Cocal, município de Barra da Estiva, na Chapada Diamantina.
- Foz: Deságua na Baía de Todos-os-Santos (mais especificamente, na Baía do Iguape), após cruzar diversas paisagens.
- Bacia Hidrográfica: Sua bacia é uma das mais importantes do estado, abrangendo uma área de cerca de 56.300 km² e servindo a 86 municípios baianos.
- Abastecimento: As águas do Paraguaçu são cruciais, sendo responsáveis pelo abastecimento de grandes centros urbanos, incluindo o Recôncavo, Feira de Santana e parte da Grande Salvador, totalizando milhões de pessoas. A Barragem de Pedra do Cavalo é um reservatório estratégico nesse sistema.

Testemunha da colonização
Desde o século XVI, o Rio Paraguaçu se destacou como a principal via de penetração e comunicação para o interior da Bahia. Seus primeiros trechos navegáveis foram o palco inicial da colonização portuguesa no Recôncavo:
- Ciclo do Açúcar: As margens férteis do rio foram essenciais para o estabelecimento dos primeiros engenhos de cana-de-açúcar, impulsionando a economia colonial e o movimento de ocupação da região.
- Lutas pela independência: O rio foi um cenário estratégico na Guerra de Independência da Bahia. A cidade de Cachoeira, banhada pelo Paraguaçu, é historicamente reconhecida como o local do primeiro conflito entre brasileiros e portugueses, meses antes do 7 de setembro de 1822.
- Arquitetura colonial: A navegação fluvial permitiu que vilas históricas, como Cachoeira, São Félix e Maragogipe florescessem, preservando até hoje um riquíssimo acervo arquitetônico colonial, como o imponente Convento de Santo Antônio do Paraguaçu, do século XVII.

Cultura e o povo ribeirinho
A cultura da região é intrinsecamente ligada ao rio. O Paraguaçu sustenta a vida de comunidades ribeirinhas, pescadores, marisqueiras, quilombolas e camponeses, que dependem diretamente de suas águas para a subsistência e reprodução de seus modos de vida tradicionais.
Em suas margens, florescem tradições centenárias, como o Samba de Roda, patrimônio cultural imaterial, e eventos como a tradicional Festa da Boa Morte, em Cachoeira, que demonstram a forte influência afro-brasileira e a religiosidade popular.
O Rio Paraguaçu, portanto, é mais do que um dado geográfico; é um monumento natural e cultural, um elo que conecta a aridez da Chapada Diamantina à riqueza da Baía de Todos-os-Santos, moldando a identidade e o cotidiano de milhares de baianos.

