Uma informação crucial para o futuro econômico do Vale do Jiquiriçá (BA) foi confirmada oficialmente: a região possui grandes reservas de terras raras economicamente viáveis. A descoberta deve redefinir o panorama econômico local, com impactos significativos, especialmente nos municípios de Jiquiriçá, Mutuípe e Ubaíra.
As pesquisas, lideradas pela Borborema Mineração, uma empresa australiana associada à Brazilian Rare Earths, confirmaram nas três cidades a presença de disprósio e térbio, elementos cruciais para a fabricação de ímãs de alta tecnologia, motores elétricos, turbinas eólicas, satélites e sistemas de defesa. Além desses, foram constatados outros minerais estratégicos como escândio, urânio, nióbio, tântalo e titânio.
Projeto Monte Alto e investimento bilionário
A Borborema lidera na região o Projeto Monte Alto, que abrange uma reserva mineral de nível 1 com mais de 1 milhão de acres no Nordeste. A empresa planeja um investimento total de R$ 3,5 bilhões e prevê o início das operações para 2028.
- Fase 1 (Vale do Jiquiriçá): Focada na produção e concentração mineral dos óxidos de terras raras. O investimento inicial é de R$ 500 milhões, com estimativa de gerar 250 empregos na construção e 200 na fase operacional.
- Fase 2 (Planta de Separação): A unidade de separação dos óxidos será instalada na Região Metropolitana de Salvador, em Camaçari, com um investimento de R$ 3 bilhões. Essa planta deve processar 15 mil toneladas de terras raras por ano, criando 1.250 empregos na construção e 800 na operação.
Relevância estratégica global
A confirmação da viabilidade do projeto permite que o Brasil avance para atender à demanda global por esses metais, considerados estratégicos para a transição energética e para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Atualmente, a China detém um monopólio estratégico, respondendo por cerca de 70% da produção mundial, o que afeta diretamente as cadeias de suprimentos de potências como Estados Unidos, União Europeia e Japão.

O Projeto Monte Alto é acompanhado de perto pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), do Governo do Estado. O órgão reforçou o “compromisso com o desenvolvimento sustentável e a diversificação da base produtiva estadual”, conforme declaração de Ângelo Almeida ao jornal A Tarde.
O que são terras raras
Terras raras são um grupo de 17 elementos químicos que incluem 15 lantanídeos, mais o escândio e o ítrio. Eles costumam ser encontrados juntos nos mesmos minérios e são vitais para a tecnologia moderna. A Borborema Mineração já detém parte dos direitos minerários em Mutuípe, Ubaíra e Jiquiriçá, conforme relatório aprovado pela Agência Nacional de Mineração (ANM).
Além das terras raras, o Vale do Jiquiriçá também possui grandes reservas de bauxita e gálio (essencial para semicondutores), reforçando o potencial mineral e econômico da região.
Com informações do Jornal A Tarde
