Desde 2020 a pandemia do coronavírus foi responsável por reprimir demandas, ainda que temporariamente, em diferentes âmbitos da Saúde. Dados indicam que a quantidade de procedimentos com finalidade diagnóstica feitos no Sistema Único de Saúde (SUS) caiu 20% no ano passado, segundo o Ministério da Saúde. Isso inclui exames como a colonoscopia, preventivos ginecológicos, e a mamografia – essencial para a identificação precoce do câncer de mama.
A urgência desse diagnóstico, contudo, permanece. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimou que o Brasil teria 66.280 novos casos de câncer de mama em 2021. A previsão passa a ser mais preocupante quando se leva em conta os resultados da pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência a pedido da farmacêutica Pfizer. O estudo mostrou que 62% das mulheres participantes deixaram de ir ao ginecologista ou ao mastologista a partir de março de 2020, quando a população foi orientada a permanecer em casa.
Especificamente entre as mulheres que têm 60 anos ou mais, e fazem parte do grupo de risco para a Covid-19, 73% disseram estar à espera do fim da pandemia para marcar uma consulta médica e realizar exames de rotina.
Os dados reforçam a necessidade de realizar os exames com a periodicidade correta, conforme afirma o oncologista Felipe Cruz. “A principal arma para combater essa neoplasia é a detecção precoce. Os estudos mostram que a mamografia é capaz de reduzir a mortalidade por câncer de mama em cerca de 20%. Quanto mais precoce, menor é o tamanho da doença detectada, e maiores são as chances de cura e de se fazer uma cirurgia com intuito curativo menos agressiva.
O oncologista lembra que, seguindo as diretrizes do Ministério da Saúde, a recomendação é fazer uma mamografia a cada dois anos. No caso de mulheres que tenham histórico familiar de câncer de mama, ou seja, parentes de primeiro grau diagnosticadas – mãe ou irmãs, por exemplo – podem iniciar um pouco mais cedo.
“E se a mulher perceber alguma alteração na mama, deve procurar um mastologista, ginecologista ou clínico geral, que poderá investigar melhor o que está acontecendo”, orienta o professor.