Em 2019, o piloto de avião Reginaldo Souza foi a Xerém, no Rio de Janeiro, visitar um irmão. Na cidade fluminense, aproveitou para fazer um voo de balão cativo, quando a aeronave fica presa ao solo por cabos, permitindo que suba até uma determinada altura. A experiência foi interessante, mas outra coisa chamou mais a sua atenção.
“Foi minha primeira vez vendo um balão. Quando cheguei lá, vi uma fila de quase cem pessoas pagando R$ 150 para subir. Aí pensei: isso dá dinheiro”, conta o piloto. De volta a Santo Antônio de Jesus, onde mora, decidiu então reproduzir em terras baianas o que havia visto no Rio de Janeiro. Contudo, não bastava apenas a vontade de empreender; era preciso também o aperfeiçoamento.
Por isso, o piloto de avião fez um curso e obteve autorização para comandar uma aeronave movida a ar quente. A licença veio após o baiano cumprir horas de voo em São Paulo sob a supervisão de um instrutor certificado.
A formação para pilotar um balão envolve um investimento financeiro considerável, chegando a uma média de R$ 80 mil. Além disso, o piloto precisa de muita experiência, especialmente se desejar operar balões maiores, que podem transportar mais pessoas.
“É um investimento alto, né? Isso é para pilotar um balão pequeno, com trinta horas de voo. Para pilotar um balão de vinte e quatro pessoas, como o que temos aqui, você precisa ter no mínimo quinhentas horas de voo. É preciso ser um piloto experiente para ter a liberação para voar com um balão desse porte”, explica Reginaldo.
Foto: Divulgação
Mercado
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), os interessados em praticar o balonismo devem procurar centros de instrução de aviação civil autorizados pela agência ou associações aerodesportivas credenciadas que ofereçam cursos. A exploração comercial de atividades aéreas sem autorização é proibida por lei.
Já certificado, Reginaldo começou seu próprio negócio com dois balões: um com capacidade para seis pessoas e outro para até oito passageiros. Com o tempo, o negócio começou a crescer. A procura aumentou e os clientes passaram a chegar dos mais variados destinos, inclusive de outros estados como Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe.
“O balonismo é uma atividade nova, e aqui na Bahia só nós fazemos. No Nordeste, há apenas outra empresa em Recife. Todos os finais de semana estamos lotados”, conta o empreendedor.
A empresária Sara Góes, por exemplo, saiu de Aracaju, em Sergipe, apenas para fazer o voo de balão. O desejo era cultivado desde a infância, mas o momento oportuno veio após o casamento. “Era meu desejo. Fiquei sabendo por uma amiga baiana e, assim que me casei, resolvi ter essa experiência ao lado do meu marido”, comenta a turista.
Durante o voo, Sara sobrevoou a Serra da Jiboia, uma área de transição entre a Mata Atlântica e a Caatinga, avistando montanhas, lagos, vales, rios e pastagens. “É um voo bonito e contemplativo. As pessoas levam uma experiência de vida para casa”, descreve Reginaldo.
Manter o negócio requer um alto investimento, isso porque é preciso fazer revisões periódicas nas aeronaves e manter o seguro de cada uma delas em dia. As avaliações acontecem a cada dois meses na ANAC, em São Paulo. Sem contar que os balões são estruturas caras. O que tem capacidade para 24 pessoas, por exemplo, custou a Reginaldo R$ 600 mil. Além desse, hoje, a empresa opera com outros cinco balões.
Os voos coletivos acontecem de sexta a domingo. Já os exclusivos, para casais, por exemplo, podem ser feitos em qualquer dia da semana. A experiência só pode ser desfrutada nas primeiras horas da manhã, entre 5h30 e 6h, por questões de segurança.
O investimento é de R$ 650 por pessoa e o ponto de partida é o Hotel Fazenda São Geraldo. O valor cobrado dá direito a café da manhã, ensaio fotográfico, brinde com espumante e traslado ao ponto de decolagem. A empresa atende todos os meses a média de 200 pessoas.
Correio