O setor de festas privadas na Bahia enfrenta um cenário de crise, com o cancelamento de eventos tradicionais e uma queda na produção de festivais independentes. A principal razão apontada por produtores e empresários do ramo é o aumento exorbitante dos cachês de artistas, que tem tornado a realização de eventos privados financeiramente insustentável.
Até 2019, era viável contratar grandes nomes da música por valores mais ‘acessíveis’. No entanto, hoje, as cifras dispararam. Artistas e bandas de destaque regional cobram facilmente acima de R$ 400 mil, enquanto as atrações de renome nacional chegam a custar mais de R$ 700 mil por 1h30 de show.
Essa realidade se torna ainda mais desafiadora quando comparada aos grandes investimentos que prefeituras e o Governo do Estado destinam a festas gratuitas, como o São João e o São Pedro. O São João de Salvador, por exemplo, teve um investimento de cerca de R$ 18,44 milhões apenas na contratação das atrações. Para o evento, foram pagos cachês como R$ 800 mil para Simone Mendes, R$ 750 mil para Leonardo e R$ 550 mil para Pablo, valores que estão fora do alcance da maioria dos produtores de eventos privados.
Além disso, o custo de aluguel e compra de equipamentos essenciais, como som, luz e estrutura, também subiu consideravelmente, elevando o custo operacional de forma que o valor dos ingressos não consegue cobrir.
Enfraquecimento e fim de eventos tradicionais
O impacto dessa crise é visível no enfraquecimento e no desaparecimento de festas particulares que marcaram época. O caso mais recente e emblemático é o do Salvador Fest, que foi cancelado nesta quarta-feira (13), a pouco mais de um mês de sua data marcada. Previsto para ocorrer em 14 de setembro no Wet Eventos, o festival citou “desafios financeiros e logísticos” para justificar o cancelamento, mencionando o alto custo de estrutura, passagens aéreas, a insegurança econômica do público e a dificuldade em conseguir patrocínio.
A lista de eventos afetados é extensa e inclui outras festas que eram pilares do calendário de eventos privados, como o Forró do Sfrega, Forró da Margarida, Brega Light, Forró do Lago, Forró do Piu Piu, Forró Coffee e Forró do Bongo, que não foram anunciados ou acabaram cancelados nos últimos anos.
Jegada na contramão?
Em meio a esse cenário, a Jegada, evento tradicional de Elísio Medrado, completa 20 anos e se consolidou como uma das maiores festas da Bahia. Realizada em dezembro, ela atrai milhares de pessoas para a pequena cidade de pouco mais de 8 mil habitantes.
No ano passado, o evento teve a participação de seis grandes atrações: Tayrone, Toque Dez, Netto Brito, Robyssão, Forrozão das Antigas e Chupando Halles, além de participações de outros artistas e bandas.
Os produtores Dayan Santos e Neto Sandes ainda não confirmaram a realização da edição deste ano. A expectativa é saber se a Jegada conseguirá seguir na contramão dos cancelamentos e, mais uma vez, trazer a alegria que se tornou sua marca para os moradores de Elísio Medrado e os turistas.