A equipe da Fundação Hansen Bahia (FHB) iniciou, na terça-feira (31), os trabalhos de pesquisa de campo, com entrevistas, fotos e captação de imagens para a Construção de Dossiê/Inventário do Saber e Modo de Fazer do Licor de Cachoeira.
A pesquisa é uma das fases para tornar a técnica artesanal e secular, que envolve a produção do tradicional Licor de Cachoeira, um patrimônio cultural imaterial do estado.
Vale ressaltar que todo o trabalho está sendo acompanhado por profissionais de várias áreas, a exemplo de antropólogo, historiador, educador, jornalista, museólogo, entre outros. Todos os fabricos de licor reconhecidos pela prefeitura de Cachoeira como Patrimônio do Sabor Municipal estão sendo objeto desta pesquisa.
Uma série de entrevistas será feita nos próximos dias e o primeiro Fabrico visitado foi o do Licor A Gauchinha, localizado na Rua Manoel Bastos, em Cachoeira, que tem como produtor responsável o Senhor Roque Amorim, que trabalha há cerca de 15 anos com a produção da bebida e conta com a ajuda da esposa Tânia Regina.
“Trabalhamos com 16 sabores de licores e entre os mais vendidos estão o de jenipapo, banana e tamarindo. Este ano estou lançando o Licor de Açaí com Guaraná, 36 horas no ar. É um licor energético, para não dizer afrodisíaco, para deixar os meninos ainda mais animados”, destacou.
Roque Amorim enfatizou ainda que a bebida, feita de modo artesanal, que mais demora para ser produzida é a de jenipapo, pois leva cerca de 9 a 10 meses para ser finalizada. “Eu compro a fruta, lavo, deixo na fusão, coloco no álcool e na água, na quantidade exata; após 6 meses eu vou prensar ela, para tirar só o caldo. Comprei esse ano uma despolpadeira de frutas, a máquina separa os caroços da polpa, isso diminui o tempo de produção, além de utilizarmos também um liquidificador industrial”, concluiu.
O Licor A Gauchinha produz cerca de 3.500 litros da bebida nesse período junino, entre abril e junho.
A assinatura da notificação de abertura do processo de Registro Especial do Licor de Cachoeira foi realizada no dia 4 de fevereiro deste ano. A patrimonialização do licor foi solicitada pela prefeitura e está na fase de estudos e elaboração de dossiê. Após concluído, o material será enviado para aprovação pelo Conselho Estadual de Cultura e homologação pelo Governo do Estado, o que possibilitará que o registro possa ser convertido em definitivo e inscrito no livro de Registro Especial dos Saberes e Modos de Fazer.