Terras raras cobiçadas por Donald Trump são pesquisadas no Vale do Jiquiriçá

MRN_bauxita_venda_materia.webp

Foto: Ilustrativa/SuGak/stock.adobe.com

Foto: Ilustrativa/SuGak/stock.adobe.com

Nos últimos anos, o Governo Federal, através do Ministério de Minas e Energia e da Agência Nacional de Mineração (ANM), tem intensificado as autorizações para pesquisas minerais no Vale do Jiquiriçá. Se nos anos 90 e 2000 o foco era ferro e bauxita — com a mineradora Rio Tinto chegando a ter autorização na época —, a atenção agora se volta para as terras raras, elementos cruciais para a indústria global de alta tecnologia.

Borborema Mineração

A Borborema Mineração, já presente em Ubaíra e com atividades de pesquisa em comunidades rurais de Jiquiriçá, obteve novas autorizações. Uma delas, publicada no Diário Oficial da União, em 12 de maio de 2025, permite a pesquisa de bauxita e terras raras no município de Mutuípe. A empresa, que tem CNPJ registrado em Ubaíra desde 2021, também recebeu licenças para atuar em Jaguaquara, expandindo sua presença no Vale.

O interesse estratégico e a riqueza subterrânea do Brasil

Não é só o Vale do Jiquiriçá que está no radar. Municípios no Baixo Sul e Médio Rio de Contas, como Presidente Tancredo Neves, Wenceslau Guimarães, Teolândia, Ibirataia, Jequié e Apuarema, também possuem permissões para pesquisa mineral, conforme apurado pelo Mídia Bahia.

O interesse internacional por esses recursos é notório. Recentemente, o governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, manifestou publicamente interesse nas reservas brasileiras de terras raras, minerais vitais para setores como tecnologia e defesa. Há especulações de que esse interesse pode ser usado como ferramenta de negociação em relação à recente tarifa de 50% imposta ao Brasil. Especialistas apontam que o Brasil detém a segunda maior reserva mundial de terras raras, colocando o país e a América Latina em destaque no cenário global.

Com a crescente presença da Borborema Mineração e o avanço das pesquisas, a expectativa é que o Vale do Jiquiriçá se torne uma área estratégica para a exploração de minerais de alto valor comercial e tecnológico.

O que são terras raras?

Terras raras são um grupo de 17 elementos químicos essenciais para diversas tecnologias modernas, incluindo drones, painéis fotovoltaicos, motores elétricos, tecnologia digital, impressão 3D e até combustíveis avançados. Desse grupo, 15 são lantanídeos (do lantânio ao lutécio), e os outros dois são escândio e ítrio. Eles geralmente ocorrem nos mesmos minérios, como monazita e bastnasita, e compartilham propriedades físico-químicas similares.

Preocupações locais e lacuna legislativa

Apesar do potencial econômico, a prospecção mineral gera preocupações. Em 2023, moradores da zona rural de Jiquiriçá, na região do Monte Alto, expressaram inquietação com a presença de pesquisadores. Questionamentos foram enviados às prefeituras de Ubaíra e Jiquiriçá, bem como à mineradora, mas as respostas foram inconclusivas: as prefeituras alegaram desconhecimento, e a empresa não se manifestou oficialmente.

Além das terras raras, especulações sobre a presença de lítio no Vale do Jiquiriçá também circulam. O lítio é outro mineral estratégico, vital para a produção de baterias de veículos elétricos.

Mesmo com a evidente importância econômica e geopolítica desses minerais, o Brasil ainda carece de uma legislação específica para o controle e uso de terras raras e outros minerais estratégicos. Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), já defendeu publicamente a proteção desses recursos como patrimônio nacional. A ausência de uma regulamentação adequada coloca em risco uma riqueza que pode ser fundamental para o futuro tecnológico e econômico do país.

Com informações do Mídia Bahia

Mais lidas

Todos os direitos reservados
www.i75.com.br
scroll to top