Milhares marcham no DF contra anistia a golpistas e PEC da Blindagem

Milhares de pessoas marcharam neste domingo (21), na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para protestar contra os projetos da anistia aos golpistas e da blindagem de parlamentares. A passeata ocupou as seis faixas do Eixo Monumental.

Sob sol forte, a multidão seguiu em marcha atrás de um pequeno trio elétrico, após uma batalha de rimas e discursos de lideranças políticas do Distrito Federal (DF).

O trajeto de cerca de 1,5 quilômetro foi até a frente do Congresso Nacional, onde o cantor e compositor Chico César encerrou o ato cantando alguns de seus sucessos. O ato ocorreu das 9h às 14h. 

Com o mote “Congresso Inimigo do Povo”, os manifestantes gritavam “sem anistia”; “queremos Bolsonaro na cadeia”, pedindo o cumprimento da condenação do ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão. A pena foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal, que reconheceu a culpa de Bolsonaro e aliados na trama golpista que tentou reverter o resultado das eleições de 2022 e culminou nos atentados à Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.

Os cartazes traziam ainda dizeres como “sem bandidagem”, em referência a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apelidada pelo ato de “PEC da Bandidagem”, também conhecida como PEC da Blindagem ou das Prerrogativas. Segundo a proposta, a abertura de processos judiciais e investigações contra parlamentares precisará ser aprovada pela maioria das próprias casas legislativas.

 


Brasília (DF), 21/09/2025 -Organizações e movimentos sociais realizam atos contra o projeto de Anista aos golpistas de 8/1 e a PEC da Blindagem, que busca dar ao congresso a prerrogativa de autorizar abertura de processos contra parlamentares.  Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Marcha percorreu o Eixo Monumental, na Esplanada dos Ministérios – Marcelo Camargo/Agência Brasil

Indignação

A bancária Keyla Soares, de 42 anos, contou à Agência Brasil que ficou indignada com a proposta que exige autorização prévia do Parlamento para processar criminalmente deputados e senadores.

“É uma sem vergonhice. É ofensiva essa PEC. Eles só trabalham em defesa deles mesmos. O Brasil tem que se unir contra isso. Estamos lutando também pela democracia”, comentou.

O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), foi um dos principais alvos dos manifestantes em cartazes como “Motta Capacho”; “Centrão ladrão”; “PCC: Primeiro Comando do Congresso”. Como presidente da Casa, Motta é o responsável por definir a pauta de votações e incluiu a PEC e a anistia na programação da última semana.

A estudante Sara Santos, de 26 anos, disse que a PEC é um absurdo e ficou sem acreditar quando soube da aprovação. Para ela, os parlamentares apenas querem se proteger da Justiça. A estudante também criticou o PL da anistia.

“Depois de tudo que a gente viveu com a ditadura militar, não podemos aceitar anistia contra quem atacou a democracia e tentou dar um golpe de Estado”, justificou.

 


Brasília (DF), 21/09/2025 - Sara Santos participou de ato contra o projeto de Anista aos golpistas de 8/1 e a PEC da Blindagem, que busca dar ao congresso a prerrogativa de autorizar abertura de processos contra parlamentares.  Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Sara Santos participou de ato contra o projeto de Anista aos golpistas de 8/1 e a PEC da Blindagem Marcelo Camargo/Agência Brasil

A delegada aposentada Maria Lúcia de Souza, de 62 anos, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro, “desde o primeiro dia do governo dele”, queria dar o golpe para se perpetuar no poder.

“Estão subestimando nossa inteligência. Acha que somos burros. Na semana que saem notícias de suposto envolvimento do Rueda [presidente do União Brasil] com o PCC, eles aprovam essa PEC da Bandidagem. Estou revoltada”, disse.

Maria Lúcia se refere à veiculação de reportagens que apontam uma suposta conexão entre o presidente nacional do partido União Brasil, Antonio Rueda, e a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Rueda e o partido negam as acusações.

Para o servidor público Albert Scott, de 47 anos, não tem que ter anistia para quem planejou e financiou tentativa de golpe de Estado e defendeu “resgatar nossa bandeira” e “nossas cores verde e amarela”, que foram “sequestradas” pela extrema-direita.

“É inaceitável. É um retrocesso essa PEC. Eles só votam por eles mesmos para se proteger da Justiça. Isso é absurdo”, disse.

 


Brasília (DF), 21/09/2025 -Organizações e movimentos sociais realizam atos contra o projeto de Anista aos golpistas de 8/1 e a PEC da Blindagem, que busca dar ao congresso a prerrogativa de autorizar abertura de processos contra parlamentares.  Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Organizações e movimentos sociais realizam atos contra o projeto de anista aos golpistas de 8/1 e a PEC da Blindagem Marcelo Camargo/Agência Brasil

Protestos em todo o país

Atos contra a anistia dos condenados por tentativa de golpe de Estado e contra a PEC da Blindagem ocorrem em todo o país neste domingo. Ao menos 33 cidades realizam protestos, incluindo todas as capitais.

Convocadas pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligados ao PSOL e PT, as manifestações contaram com a presença de sindicatos, grupos estudantis, artistas e movimentos sociais, como MST e MTST, além de outros partidos de esquerda e centro-esquerda.

Agência Brasil

Itaipu triplica diversidade florestal nos arredores do reservatório

Além dos procedimentos operacionais e atualização tecnológica para seguir como uma das principais geradoras de energia limpa do país, a usina hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu, no Paraná, mantém uma atividade para garantir a produção de eletricidade pelas próximas décadas: a proteção ambiental.

Na última quinta-feira (18), a hidrelétrica divulgou o resultado de um inventário inédito referente à área de preservação nos arredores do reservatório de Itaipu, localizado na fronteira entre Brasil e Paraguai. O estudo revelou que, em 40 anos, praticamente triplicou a diversidade na faixa preservada.

A pesquisa, realizada entre março e setembro de 2024, identificou 397 espécies de árvores e arbustos, quase três vezes mais que as 139 espécies plantadas originalmente.

Esses dados representam que, o que antes era um cinturão isolado de plantios se transformou em uma floresta com 1,3 mil quilômetros de extensão e 30 mil hectares ─ quase a área de Belo Horizonte (33,1 mil hectares). São 55 mil registros de plantas, de acordo com o levantamento.

O inventário é um convênio entre a usina e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária.

A área vegetal coleciona árvores como angico-vermelho (Parapiptadenia rigida), uma espécie nativa essencial pela quantidade e frequência das ocorrências; ipês de todas as espécies; peroba; jequitibá; e frutíferas de várias famílias, como araticum, jabuticaba, pitanga e gabiroba.

Proteção do reservatório

Itaipu Binacional é uma empresa gerida conjuntamente por Brasil e Paraguai. O diretor-geral brasileiro, Enio Verri, explica que a conservação ambiental é um investimento para garantir a geração de energia elétrica por décadas e mais décadas.

“O investimento em ações como essas, além de tantas outras que protegem nosso lago, ajuda a enfrentar as mudanças climáticas e garantem a disponibilidade de nossa matéria-prima, a água, para que continuemos gerando energia por mais de 190 anos adiante”.

É no Lago de Itaipu, formado no Rio Paraná, onde está a reserva de água que aciona as turbinas geradoras da hidrelétrica.

Em entrevista à Agência Brasil, o gestor do convênio e técnico da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu, Luis Cesar Rodrigues da Silva, apontou que é “amplamente conhecido na literatura e cientificamente comprovado” que uma vegetação saudável no entorno de cursos d’água e reservatórios tem função crucial para a produção de água e sua qualidade.

De acordo com Luis Cesar, isso acontece por dois fatores: em um primeiro momento, a vegetação funciona como uma barreira protetiva, evitando que detritos e uma carga grande de sedimentos chegue no reservatório; em um segundo passo, a vegetação contribui para estabilizar o solo no entorno do reservatório, impedindo efeitos de erosão.

“A erosão é um contribuinte forte para diminuir a vida útil do reservatório. Quanto mais sedimento, quanto mais erosão vai para um reservatório, menos tempo de vida a estrutura tem”, detalha.

Papel ecológico

O engenheiro florestal acrescenta que a preservação e a diversidade ambiental têm também um papel ecológico. “Serve de abrigo para uma série de espécies de vegetais e animais, principalmente os insetos, que são polinizadores importantes de culturas agrícolas”, cita.

Ele contextualiza que a faixa de proteção do reservatório é um corredor de biodiversidade, pois está situada entre duas importantes unidades de conservação.

“Ao sul, tem o Parque Nacional do Iguaçu, com toda a sua pujança e fama internacional, e, ao norte, o Parque Nacional de Ilha Grande [na divisa do Paraná e Mato Grosso do Sul], em uma posição estratégica na transição entre Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal”.

 


Itaipu triplica diversidade em floresta. Trabalho abrange cerca de 30 mil hectares de mata ciliar entre Foz do Iguaçu e Guaíra (PR). Será o mais completo inventário florestal já realizado por uma usina hidrelétrica. Foto: Sara Cheida/Itaipu Binacional. Foto: Sara Cheida/Itaipu Binacional

Trabalho abrange cerca de 30 mil hectares de mata ciliar entre Foz do Iguaçu e Guaíra (PR) Sara Cheida/Itaipu Binacional

Parceria para inventário

O gestor do convênio explicou à Agência Brasil que, por cerca de 40 anos, Itaipu ─ que começou a ser construída em 1973 ─ se dedicou ao plantio extensivo na faixa de proteção. Agora, é preciso novo direcionamento.

“A gente não tem mais o que plantar. A gente precisa fazer a gestão e verificar se tem algo que a gente pode fazer, alguma oportunidade para melhorar essa vegetação e aproximá-la do que seria uma vegetação nativa”, diz.

Ele completa que a parceria com a Embrapa visa a estabelecer um plano de gestão dessa vegetação protetiva do reservatório pelos próximos 30 ou 40 anos.

“É uma série de estudos que a gente precisa agora, para ter dados para definir um planejamento de atividades de melhoria e de cuidado dessa vegetação para o longo prazo”, projeta.

Benefícios para arredores

A parceria é assinada com a divisão Florestas da Embrapa. A pesquisadora da Embrapa Florestas Maria Augusta Doetzer Rosot disse à Agência Brasil que o maior ganho na região nos últimos 40 anos foi a formação de uma área de preservação permanente nas bordas do reservatório.

“Em função da expansão agrícola no oeste do Paraná, ocorrida na metade do Século 20, essas bordas eram constituídas majoritariamente por áreas de agricultura que necessitavam ser recuperadas para cumprir as funções ecológicas de uma área de proteção”, conta.

Segundo ela, desde a década de 1980, com o enchimento do reservatório em 1982, os plantios de restauração em áreas sem nenhuma cobertura florestal começaram a modificar o ambiente e a prover os chamados serviços ecossistêmicos.

Maria Augusta enfatiza que, além de beneficiar a preservação do reservatório hídrico de Itaipu, a área de proteção levou ganhos para a população de municípios vizinhos.

“Uma vez que a floresta atua como reguladora do clima, protege solo e água, abriga polinizadores e dispersores de sementes, facilitando o fluxo gênico [troca de genes], conserva e, comprovadamente, aumenta a biodiversidade, purifica o ar e retira carbono da atmosfera por meio de sua absorção com o processo de fotossíntese”, descreve.

Ela ressalta ainda que a região conservada oferece proteção e abrigo à fauna, atuando como um corredor ecológico importante, e tem “relevância estética na paisagem, com formato meandrante [curvas acentuadas] ao longo do reservatório e dos rios que ali desaguam, conferindo beleza cênica, que também é considerada um serviço ecossistêmico”.

Próximos passos

A pesquisadora da Embrapa Florestas antecipa que os próximos passos da parceria preveem levantamentos sobre indicadores da qualidade ambiental da floresta, como a atividade enzimática do solo, a abundância de minhocas e diversidade genética de espécies de árvores.

O inventário terá também técnicas de sensoriamento remoto, que inclui uso de drones, para estimar o conteúdo de carbono armazenado na vegetação. Uma liberação menor de carbono na atmosfera contribui para frear o aquecimento global.

Maria Augusta adiantou à Agência Brasil que o principal resultado que se espera alcançar é “um conjunto amplo e robusto de informações obtidas através do processamento e análise de todos esses temas”, de forma a chegar a um plano de gestão florestal “visando a perpetuidade da geração de bens e serviços providos pela floresta”.

 


Foz do Iguaçu (PR), 17/07/2025 - Vista externa com comportas da usina Itaipu Binacional. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Vista externa com comportas da usina Itaipu Binacional. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Produção de energia

Atualmente, Itaipu responde por cerca de 9% do consumo de energia elétrica brasileiro.

No dia 5 de setembro, a hidrelétrica alcançou a marca histórica de 3,1 bilhões de megawatts-hora (MWh) produzidos desde que entrou em operação em 1984.

Para se ter noção, a produção de 3,1 bilhões de MWh é suficiente para abastecer o mundo inteiro por 44 dias ou o Brasil por seis anos e um mês.

Agência Brasil

Congresso tenta recriar PL do Licenciamento Ambiental com emendas

O Congresso Nacional apresentou 833 emendas à Medida Provisória (MP) do Licenciamento Ambiental Especial, editada pelo governo em conjunto com os vetos ao Projeto de Lei (PL) 2.159/2021, chamado por ambientalistas de PL da Devastação. Levantamento do Observatório do Clima (OC) divulgado na quinta-feira (18) mostra que 74% dessas propostas retomam dispositivos rejeitados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e 80% representam retrocessos ambientais.

Com a manobra, parlamentares não precisariam sequer examinar os vetos em sessão conjunta. A estratégia permitiria usar a MP como atalho para reconstruir integralmente o projeto e incluir novos dispositivos sem debate público ou controle social.

O Observatório do Clima destaca algumas das emendas de retrocesso ambiental: retomada da Licença por Adesão e Compromisso (LAC), o “autolicenciamento”; esvaziamento de órgãos técnicos e da participação social; piora da Licença Ambiental Especial ao encurtar etapas e prazos; enfraquecimento da Lei da Mata Atlântica; exclusão de terras indígenas não homologadas, territórios quilombolas não titulados e comunidades tradicionais do processo de licenciamento.

“A participação social precisa ser reforçada, seja por meio de audiência no território ou de forma híbrida. O que não se confunde com a consulta prévia, que também deve ser respeitada. Defendemos a supressão da lista política de empreendimentos estratégicos, que eles sejam ligados a critérios técnicos ambientais transparentes. A lei deve funcionar por ato administrativo, com condicionantes robustos e não como um atalho, uma forma de acelerar o rito processual rigoroso. Ele existe por um motivo, que é para mitigar danos ambientais”, disse Adriana Pinheiro, assessora de incidência política do Observatório do Clima.

O Partido Liberal (PL) foi o que apresentou mais emendas: 25% das que retomam dispositivos rejeitados pelo governo e 30,4% das classificadas como retrocesso ambiental. Os parlamentares do partido afirmam que desejam modernizar e racionalizar os processos de licenciamento ambiental.

Para Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do observatório, a criação da Licença Ambiental Especial representa um risco constitucional.

“Ela dificilmente será aperfeiçoada. Ela não deveria existir. Pode-se aceitar a priorização dos processos considerados pelo governo, o que já ocorre na prática. Mas agilizar empreendimentos com alto potencial de impacto é inverter a lógica estabelecida pela própria Constituição, que nos princípios da ordem econômica prevê tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental”, diz.

“PL da Devastação”

No dia 8 de agosto, o presidente Lula sancionou com 63 vetos o projeto de lei, aprovado pelo Congresso Nacional. O Planalto argumentou que as medidas garantiriam “proteção ambiental e segurança jurídica” e foram definidas após escutar a sociedade civil.

Apoiado pelo agronegócio e setores empresariais, o PL vinha sendo denunciado por organizações ambientalistas e pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) como grave retrocesso ambiental.

No mesmo dia, também foi assinada a MP 1.308, que permite licenciamento simplificado para projetos e obras consideradas “estratégicas” pelo governo. Segundo o Observatório do Clima, a modalidade cria atalhos para empreendimentos como a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, a pavimentação de estradas e a liberação de outros projetos que passariam a ser aprovados por decisão meramente política.

O OC recomenda a rejeição integral da MP ou a aprovação de substitutivo com salvaguardas socioambientais. A entidade entende que, ao instituir a modalidade de licenciamento de fase única (em substituição ao processo atual, em três fases e proporcional ao impacto do empreendimento), a MP representa o maior retrocesso ambiental recente do país. Algo que, além dos prejuízos diretos aos ecossistemas, coloca em xeque a imagem que o Brasil quer passar de respeito às convenções climáticas em ano da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro, em Belém.

“O PL é o oposto do que se espera de um país que quer liderar a agenda climática e vai sediar a COP30. Isso fragiliza a credibilidade do Brasil perante parceiros, mercados e o próprio multilateralismo. E está desalinhado com o discurso de se tornar uma potência ambiental e liderar essa discussão”, critica Adriana Pinheiro.

Agência Brasil

Especialistas defendem atenção específica para saúde da pele negra

O médico Thales de Oliveira Rios conta que tinha problemas com oleosidade da pele e acne desde a adolescência. Ao longo dos anos, tentou vários tratamentos, mas não obteve resultado satisfatório e se incomodava muito com as manchas decorrentes das espinhas. Depois de receber um convite especial de um colega dermatologista, o desfecho foi outro:

“Um belo dia, eu resolvi ir ao consultório dele, e a coisa mudou da água para o vinho. Com o tratamento voltado para o meu tipo de pele, os produtos adequados para clarear, o protetor solar certo, em três, quatro meses ficou tudo diferente. Melhorou bastante.”

Thales é um homem negro e, até então, não fazia ideia de que os tratamentos para a sua pele precisavam considerar essa característica como ponto de partida.

“Eu lembro até hoje da primeira consulta, quando ele me mostrou umas imagens de um livro que ele ajudou a escrever, que mostra, por exemplo, a apresentação de certas lesões de pele. Numa pessoa branca, é de um jeito, numa pessoa parda, é de outro, e, numa pessoa de pele preta retinta, é totalmente diferente. A gente não vê isso na faculdade de medicina. Isso está começando a entrar nas discussões do mundo acadêmico há pouquíssimo tempo”, ele acrescenta.

O colega citado é Cauê Cedar, chefe do Ambulatório de Pele Negra do Hospital Universitário Pedro Ernesto. Desde a especialização, Cedar estuda as demandas específicas das pessoas pretas e pardas, que, destaca, são a maioria da população brasileira. Mas os padrões acadêmicos não o ajudavam.

“Os materiais que educam os médicos são majoritariamente feitos com pessoas de pele clara. Então, muitos médicos não têm um treinamento específico para identificar como as condições podem se apresentar na pele negra”.

“E tem algumas especificidades. A pele negra tem mais tendência a manchas, a cicatrização hipertrófica, ou seja, fazer queloide… Tem os cuidados específicos com os cabelos cacheados e crespos. Tudo isso precisa ser treinado. Durante a residência, eu não tive um treinamento específico sobre isso, por mais que fosse uma pauta minha, eu precisava buscar por fora”, conta Cedar.

A indústria de produtos dermatológicos também desmerecia esse público, segundo o especialista. “Há muito tempo, a gente sabe da necessidade de passar protetor solar. Mas os protetores solares com cor nunca se adequavam às tonalidades de pele negra, e os protetores sem cor deixavam a pele das pessoas negras com um fundo esbranquiçado, acinzentado…. Isso diminuía a adesão ao uso. Até que a indústria começou a ver que os negros também consomem e começaram a desenvolver produtos adaptados à diversidade da população”, ele exemplifica.

Avanços

Cedar e outros profissionais negros têm ajudado essa pauta a se firmar também no meio acadêmico. Este ano, pela primeira vez, o Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia, principal evento da especialidade, realizou uma atividade exclusivamente sobre os cuidados com a pele negra. Além disso, a regional do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Dermatologia acaba de criar um Departamento de Pele Étnica, do qual Cauê Cedar é um dos coordenadores.

De acordo com a presidente da regional, Regina Schechtman, “estava mais do que na hora”. Ela destaca que o departamento visa a melhorar o conhecimento dos profissionais e o atendimento prestado a pessoas de diversos grupos não-brancos, como indígenas e orientais, além das pessoas negras.

“Qualquer médico ou profissional da área de saúde deve acrescentar esse conhecimento a sua prática. A dermatoscopia, por exemplo, que é o exame mais básico que a gente faz, é totalmente diferente em cada tom de pele, e os médicos precisam saber interpretar”, acrescenta.

A presidente da regional do Rio de Janeiro enfatiza que problemas de pele podem afetar muito a autoestima dos pacientes e que o maior órgão do corpo humano também pode trazer alguns perigos.

“Há muitas doenças de pele, e a mais grave delas é o câncer, que também atinge a população negra. Apesar do risco ser maior entre pessoas que têm menos pigmentação, isso não quer dizer que as pessoas negras não precisam se proteger dos danos causados pela radiação ultravioleta”.

Agência Brasil

Carol Santiago é tricampeã mundial dos 100m costas em Singapura

A nadadora Carol Santiago ganhou o primeiro ouro no Campeonato Mundial de Natação Paralímpica de 2025, disputado em Singapura. Na manhã deste domingo (21), na disputa dos 100m costas da classe S12 (baixa visão), ela marcou 1min09s42 e terminou na primeira colocação, o que garantiu seu tricampeonato na prova.

A britânica Ela Letton-Jones foi a segunda colocada, com 1min12s44, seguida por sua compatriota Carroll, com 1min12s97.

O ouro no país asiático foi a 20ª medalha de Carol em mundiais. São 14 ouros, 4 pratas e dois bronzes conquistados em Londres 2019, Ilha da Madeira 2022, Manchester 2023 e Singapura 2025.

Para o mundial deste ano, Carol optou por um programa de provas mais enxuto do que em edições anteriores, e se inscreveu apenas nas três provas em que foi campeã nos Jogos Paralímpicos do ano passado. Além dos 100m costas, Carol ainda nadará os 50m livre e os 100m livre, disputas nas quais é tricampeã mundial.

Mais cinco pódios

Além do ouro de Carol, o Brasil faturou outras cinco medalhas na abertura do evento. Alessandra Oliveira, de apenas 17 anos, também foi campeã mundial. Ela quebrou o recorde nos 100m peito para a classe SB4 com 1min43s21. A melhor marca anterior era da norueguesa Sarah Louise Rung, registrada há 11 anos, em julho de 2014 na Noruega. A medalha de prata foi para a italiana Giulia Ghiretti, com 1min52s47, e o bronze, para a espanhola Berta Garcia Grau, com 1min56s23. Estreante em mundiais, Alessandra é a atleta mais jovem da delegação e começou a praticar o esporte em 2018, na Escola Paralímpica de Esportes do CPB, no mesmo ano em que o projeto foi iniciado.

A mineira Patrícia Pereira levou o bronze nos 50m peito para a classe SB3 com tempo de  57s70. A primeira colocação foi para a italiana Monica Boggioni (53s95), e a segunda para Mira Larionova, dos Atletas Paralímpicos Neutros, com 56s33. Na mesma prova, a fluminense Lidia Cruz ficou na sétima colocação, com 1min02s02.

Outro bronze veio com o carioca Thomaz Matera, nos 50m livre para a classe S11 (cegos), com tempo de 26s11. O ouro foi para o tcheco David Kratochvil, com 25s52, e a prata, para o espanhol Mahamadou Dambelleh Jarra, com 25s88. O terceiro bronze do dia foi de Samuel Oliveira, nos 50m livre da classe S5 (comprometimento físico-motor). O atleta completou a prova em 31s67. O ouro foi para o chinês Jincheng com 30s11, e a prata para o ucraniano Artem Oliinyk, com 31s41.

A delegação nacional também foi premiada com a prata do paulista Gabriel Bandeira, nos 200m livre para a classe S14 (deficiência intelectual), com o tempo de 1min52s03. O ouro foi para o britânico Ellard Willian Ellard, que estabeleceu um novo recorde mundial da prova, 1min51s08. Já o bronze ficou com o canadense Nicholas Bennett (1min53s97).

Brasil em Singapura

A delegação do Brasil no Campeonato Mundial de Singapura, que vai de 21 a 27 de setembro, conta com 29 nadadores. São 16 homens e 13 mulheres, oriundos de sete estados (MG, PA, PE, PR, RJ, SC e SP).

No último Mundial da modalidade, Manchester 2023, na Inglaterra, o país subiu 46 vezes ao pódio, conquistando 16 medalhas de ouro, 11 de prata e 19 de bronze. O país ficou na quarta colocação no quadro de medalhas, atrás de Itália, Ucrânia e China. A melhor campanha do Brasil na história dos Mundiais de natação paralímpica foi registrada na Ilha da Madeira, em Portugal, em 2022. O país encerrou a disputa com 53 medalhas ─ 19 de ouro, 10 de prata e 24 de bronze ─ e a terceira colocação do quadro de medalhas do evento.

 

Agência Brasil

Teresa Cristina recebe Marquinho China no programa Samba na Gamboa

No Samba na Gamboa deste domingo (21), às 13h, na TV Brasil, a apresentadora Teresa Cristina bate um papo com o cantor e compositor Marquinho China. A edição inédita do programa traz o artista que foi formado no Cacique de Ramos e vem à produção do canal público para falar de um importante subgênero do samba, o samba de terreiro.

Durante a atração, o convidado e a anfitriã interpretam clássicos de grandes ícones da música popular. Com repertório de pérolas do cancioneiro nacional, o repertório inclui músicas como Amor Aventureiro, de Mano Décio da Viola e Silas de Oliveira; Chega de Demanda, de Cartola; Linda Borboleta, de Monarco e Paulo da Portela; e Recado, de Paulinho da Viola e Casquinha.

Atração original da TV Brasil, o Samba na Gamboa pode ser acompanhado em tempo real no YouTube da emissora pública e no app TV Brasil Play. Com janela alternativa na tevê aos sábados, às 23h, o conteúdo ainda é transmitido na Rádio Nacional, aos sábados, mais cedo, ao meio-dia, para toda a rede.

Teresa Cristina e Marquinho China conversam sobre o conceito do samba de terreiro.

“A definição é tão difícil quanto a do próprio samba. O improviso é marca do samba de terreiro. É um espaço que vai agregar e sociabilizar as pessoas. Vai mantê-las unidas sob o ponto de vista cultural”, resume o bamba.

Durante a conversa, Marquinhos China aprofunda essa reflexão. “Geralmente, o enredo do samba de terreiro fala sobre a escola (de samba). Hoje eu sei porque sou um dos antigos, mas já fui novo e perguntava para quem veio antes. O tema era esse com a exaltação à própria escola, mas também abordava desilusão e o dia a dia”, comenta o músico.

Professor de história, Oficial de Justiça e psicanalista, o cantor e compositor Marquinho China é multifacetado. Cria da geração do Cacique de Ramos que transformou o samba, o artista teve uma jornada musical em que conviveu com personalidades como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Almir Guineto na gênese desse novo formato do gênero. Algumas de suas obras foram gravadas por Beth Carvalho.

O apelido China tem origem há mais de 40 anos, ainda na década de 1980, dado por Arlindo Cruz, porque Marquinho fechava os olhos quando ria. A alcunha pegou e ele incorporou o apelido a seu nome artístico.

Agência Brasil

Lula viaja neste domingo aos EUA para Assembleia Geral da ONU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca neste domingo (21), às 10h, para os Estados Unidos (EUA) para participar da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas. A assembleia ocorre entre os dias 22 e 24 de setembro em Nova York. Lula será acompanhado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e por outros ministros e especialistas que integram a comitiva.

Como tradição desde 1955, o Brasil será o primeiro Estado-membro a discursar na abertura do debate geral. Lula falará na terça-feira (23) de manhã, logo após os discursos do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e da presidente da 80ª assembleia geral, Annalena Baerbock.

Além de apresentar prioridades da política externa brasileira, o presidente deve participar de encontros que discutem desde o cenário na Palestina até a crise climática, em preparação para a 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP30), que ocorre em Belém em novembro.

Palestina

Durante a viagem a Nova York, Lula participa, na segunda-feira (22), da segunda sessão da Confederação Internacional de Alto Nível para Resolução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, convocada pela França e pela Arábia Saudita.

Segundo o Itamaraty, o governo brasileiro espera que o momento sirva de oportunidade para que mais países reconheçam a Palestina como Estado – além do Brasil, outras 147 nações já reconhecem a Palestina. Países como França, Reino Unido, Canadá e Portugal manifestaram interesse em fazer o mesmo durante o encontro da ONU.

Democracia

Na quarta-feira (24), o presidente participa da segunda edição do evento Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo, acompanhado de representantes de cerca de 30 países. Além do Brasil, lideram a iniciativa os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da Espanha, Pedro Sánchez.

De acordo com o Itamaraty, a iniciativa pretende avançar em uma diplomacia ativa, que promova a cooperação internacional contra a deterioração das instituições, a desinformação, o discurso de ódio e a desigualdade social. O primeiro encontro sobre democracia ocorreu no Chile, em julho, quando foi publicada uma declaração conjunta.

Crise climática

Também no dia 24, um evento sobre crise climática – outra prioridade da agenda de Lula em Nova York – será copresidido pelo Brasil e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. O encontro deve incluir a apresentação de novas contribuições nacionalmente determinadas (NDC, na sigla em inglês).

O presidente ainda participa, em Nova York, de evento organizado pelo Brasil para ampliar o apoio à construção do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, a ser lançado em Belém com o objetivo de financiar a preservação de florestas. Outra agenda é o encontro promovido pelo Centro Global de Adaptação para discutir mecanismos de adaptação à mudança climática.

A delegação brasileira também deve participar, a partir do dia 22 de setembro, da Semana do Clima de Nova York 2025. O encontro, que promove cerca de 500 eventos com lideranças de governos e da sociedade civil do planeta, ocorre desde 2009 de forma simultânea à Assembleia Geral da ONU e serve como evento preparatório à COP30.

Agência Brasil

Atos contra anistia e a PEC da Blindagem ocorrem hoje em todo país

Estão marcados para este domingo (21), em, ao menos, 30 cidades e 22 capitais, protestos contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, como ficou conhecido o projeto aprovado pela Câmara na última terça-feira (16). A proposta, na prática, dificulta a abertura de processos criminais contra parlamentares.

Os atos também vão criticar a proposta de anistia para condenados por tentativa de golpe de Estado. Dentre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos de prisão.

A mobilização deste domingo também é feita por integrantes da base do governo no Congresso, bem como centrais sindicais, movimentos populares e outras organizações da sociedade civil. Eles desaprovam o que chamam de “PEC da Bandidagem”, devido ao potencial de suspender a apuração de crimes.

Atos musicais

Em Brasília, o ato está marcado para começar às 10h na frente do Museu Nacional. O cantor Chico César está confirmado para a parte musical do ato. Em Belo Horizonte, na Praça Raul Soares, o ato está marcado para começar às 9h, com a presença da cantora Fernanda Takai.

Em São Paulo, a concentração será no Masp, na Avenida Paulista, às 14h. No Rio de Janeiro, o movimento foi chamado para Copacabana e deve contar com um show gratuito de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque, que prometem cantar juntos sobre um trio elétrico que partirá do Posto 5, às 14h.

Em vídeo nas redes sociais, Caetano disse que o movimento do Congresso, de aprovar regra que suspende investigações, não pode ficar sem resposta. “A gente tem que ir pra rua, pra frente do Congresso, como já fomos outras vezes. Voltar a dizer que não admitimos isso, como povo, como nação”, conclamou o cantor.

Outros artistas, como Djavan, Maria Gadú, o grupo Os Garotin e Marina Sena também confirmaram presença.

A manifestação na orla do Rio é uma das que foram convocadas por coletivos como Frente Povo Sem Medo, Frente Brasil Popular e Central de Movimentos Populares, com grande movimentação nas redes sociais.

Proposta

A PEC da Blindagem, como aprovada pela Câmara em regime de urgência, prevê que que qualquer abertura de ação penal contra parlamentar depende de autorização prévia, da maioria absoluta do Senado ou da Câmara. 

Pelo texto, os parlamentares têm 90 dias para decidir se autorizam ou não a investigação criminal contra um colega, a contar de quando o Supremo enviar o pedido ao Congresso.

Defensores da medida dizem que a proposta é uma reação ao que chamam de abuso de poder do Supremo Tribunal Federal (STF) e que as medidas restabelecem prerrogativas originais previstas na Constituição de 1988, mas que foram mudadas posteriormente.

Retorno ao passado

Os críticos, por sua vez, acusam que a PEC é um retorno ao que vigorava antes de 2001, quando o Congresso aprovou uma emenda para derrubar a exigência de autorização parlamentar para se processar parlamentares.

Na época, a decisão foi tomada diante de centenas de casos de impunidade de senadores e deputados investigados em crimes que incluíam corrupção, assassinatos e tráfico de drogas que chocaram a opinião pública durante toda a década de 1990.

Movimentos de combate à corrupção também acusam os deputados que votaram a favor da medida de tentarem escapar de investigações em curso no STF sobre desvios na aplicação de emendas parlamentares.

Tramitação

Após ser aprovada em dois turnos na Câmara, a PEC foi enviada ao Senado, onde deve enfrentar resistência. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), demonstrou indignação com a iniciativa.

“A repulsa à PEC da Blindagem está estampada nos olhos surpresos do povo, mas a Câmara dos Deputados se esforça a não enxergar. Tenho posição contrária”, declarou o senador nas redes sociais.

Locais dos atos

AL

Maceió – 9h – Sete Coqueiros – Praia do Pajuçara

AM
Manaus – 8h – Av. Getúlio Vargas

AP
Macapá – 16h – Teatro das Bacabeiras

BA
Salvador – 9h – Morro do Cristo

CE
Fortaleza – 15h30 – Estátua de Iracema Guardiã, Av. Beira Mar, 1140

DF
Brasília – 9h – Concentração no Museu Nacional

ES

Vitória – 15h – ALES

GO
Goiânia – 16h – Praça Universitária

MA
São Luis – 9h – Praça da Igreja do Carmo

MG

Belo Horizonte – 9h – Praça Raul Soares
Juiz de Fora – 10h – Praça da Estação
Serra do Cipó – 10h – Praça
Uberaba – 10h30 – Feira da Abadia
Uberlândia – 9h – Feira Livre do Bairro Luizote
Pirapora – 8h30 – Rotatória Av. Pio XII
Ituiutaba – 9h – Feira da Junqueira
Alfenas – 10h – Praça do Coliseu
Montes Claros – 9h – Parque Municipal Milton Prates

MT

Cuiabá – 8h – Praça Cultural do CPA II

Cuiabá – 14h – Praça Alencastro

MS

Campo Grande – 8h – 14 de Julho com Afonso Pena

Corumbá – 15h – 13 de Junho com Frei Mariano

Dourados  – 9h – Feira Central (Cafelândia, 490)

PA
Belém – 9h – Praça da República

PB

João Pessoa – 09h – Busto do Tamandaré

PE
Recife – 14h – Ginásio Pernambucano – Rua da Aurora

PR
Curitiba – 14h – Boca Maldita

RJ
Rio de Janeiro – 14h – Posto 5 de Copacabana

RN
Natal – 15h – Midway

RO

Porto Velho – 16h – Pça da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré

RS
Porto Alegre – 14h – Redenção

SC
Florianópolis – 13h – Ponte Hercílio Luz ( em frente ao Parque da Luz)
Itajaí – 14h – Praça do Centro de Eventos
Jaraguá do Sul – 14h – Praça da Meia Luz
Joinville – 14h -Praça da Bandeira

SE
Aracaju – 16h – Praia da Cinelândia

SP

Bauru – 16h – Vitória Régia
Ribeirão Preto – 15h30 – Praça Spadoni
Santos – 16h – Praça da Cidadania Av Ana Costa, 340
São Paulo – 14h – MASP
São Paulo – PEDALULA – Concentração 13h13, saída às 14h – Praça do Ciclista (Av. Paulista 2440)

Agência Brasil

Museus no Rio criam espaços e atividades para pessoas com deficiência

O Museu do Amanhã e o Museu do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, prepararam uma série de atividades em comemoração ao Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, lembrado no domingo (21). As ações buscam reforçar a acessibilidade e o acolhimento em espaços culturais.

O Museu do Amanhã inaugurou a sala de autorregulação, um espaço com luz ajustável, variação de cores e kits que incluem óculos escuros e abafadores de ruídos. A sala é aberta ao público, sem necessidade de agendamento.

 


Rio de Janeiro (RJ), 19/09/2025 - Setembro é marcado pela força das mobilizações em torno do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência (21) e do Dia Nacional da
Pessoa Surda (26). Nesse contexto, museus como o Museu do Amanhã têm buscado construir práticas que dialoguem com essas lutas, ampliando as possibilidades de acesso e de produção de experiências plurais. Foto: Museu do Amanhã/Divulgação

Sala de autorregulação sensorial do Museu do Amanhã – Foto: Museu do Amanhã/Divulgação

O lançamento vem junto com outros projetos, como a robô Ma.IA, que usa assistência sonora para guiar visitantes a áreas como elevadores e banheiros, o recurso narrativo visual e o mapa sensorial. As iniciativas buscam melhorar e ampliar a experiência de pessoas neurodivergentes, com deficiência motora e deficiência visual.

Em entrevista à Agência Brasil, a gerente de Conteúdo do Museu do Amanhã, Camila Oliveira, destacou que essas iniciativas transformam “a visita em uma experiência de coparticipação, em que a pessoa não precisa adaptar-se ao espaço, mas encontra um espaço que se reorganiza com ela”. “Isso promove bem-estar, prolonga a permanência e fortalece vínculos de pertencimento”, completou.

Setembro Verde

Além das adições permanentes ao espaço, o Museu do Amanhã preparou uma programação completa para o Setembro Verde, mês da conscientização pela inclusão da pessoa com deficiência.

Já o Museu do Jardim Botânico vai realizar uma edição especial do Domingo Acessível, dedicado a ações educativas, sensoriais e inclusivas, voltadas ao público com deficiência e seus acompanhantes. A iniciativa, lançada em julho, ocorre sempre no último domingo do mês, de forma gratuita e aberta ao público.

A programação inclui interpretação em Libras, materiais táteis, mediação sensorial e estratégias que estimulem a autonomia e o protagonismo dos participantes.

O vice-presidente da Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas (Autistas Brasil), Arthur Garcia, avalia as iniciativas de forma positiva. “Muitas vezes quando a gente fala de autismo, a compreensão hegemônica se limita unidimensionalmente a aquilo que é perpetuado pelas famílias, e as pessoas autistas acabam sendo ignoradas. Quando você constrói qualquer tipo de ação dentro de uma instituição a partir daquilo que é levado pelas próprias pessoas autistas, você afirma que a existência delas é valiosa, e que nada pode ser construído sobre elas sem elas.”

*Estagiária sob supervisão de Gilberto Costa.

Agência Brasil

Chikungunya traz preocupações após uma década de presença no Brasil

Passados pouco mais de dez anos dos primeiros casos identificados no país, o vírus causador do chikungunya ainda traz uma série de preocupações para o Brasil. O alerta é da reumatologista Viviane Machicado Cavalcante, presidente da Sociedade Baiana de Reumatologia (Sobare).

Durante conferência realizada dentro do Congresso Nacional de Reumatologia, que acontece até este sábado (20) no Centro de Convenções de Salvador (BA), ela destacou que um dos grandes desafios relacionados à doença é o controle do vetor, ou seja, o combate aos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, transmissores do vírus.

“Ainda existem muitos desafios para a gente tratar e controlar essa doença no Brasil. O primeiro destaque que temos é o controle desse vetor. A gente mora numa zona tropical e em que há dificuldade de controle por causa [da falta de] saneamento básico. E a gente precisa também de uma adequação do sistema de saúde para acompanhamento desses pacientes, principalmente na rede pública. Dependendo da região, não existem ambulatórios suficientes no Brasil para acompanhar esse paciente”, disse ela.

Há duas semanas, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) comunicou estar preocupada com surtos localizados da doença em países das Américas. Segundo alerta epidemiológico da Opas, os maiores surtos de chikungunya em 2025 se concentraram na América do Sul, particularmente na Bolívia, no Brasil, Paraguai e em partes do Caribe. Até o dia 9 de agosto de 2025, 14 países da região relataram um total de 212.029 casos suspeitos de chikungunya e 110 mortes, com mais de 97% desses casos ocorrendo na América do Sul.

“A presença simultânea desses e de outros arbovírus aumenta o risco de surtos, complicações graves e mortes, especialmente entre populações vulneráveis”, alertou a Opas.

Só neste ano de 2025, o Brasil já registrou 121.803 casos de chikungunya, com 113 mortes confirmadas até o dia 17 de setembro, segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses, divulgado pelo Ministério da Saúde.

“O Nordeste foi grande epicentro dessa doença, então foi aqui que os primeiros casos ocorreram, a gente começou a tratar mais essa doença e ela ainda continua [a existir] com grande carga. Hoje o vírus está espalhado por todo o Brasil e há descrição de que já houve cerca de sete grandes ondas epidêmicas detectadas no país nos últimos dez anos. No último ano, a gente teve, principalmente, os estados de Minas Gerais e de Mato Grosso do Sul, com um grande número de casos da doença”, explicou a especialista.

Vacina

Recentemente, o Instituto Butantan anunciou uma vacina contra a doença, desenvolvida em parceria com a empresa farmacêutica Valneva. O imunizante contém uma versão viva e atenuada do vírus da chikungunya, o que pode causar sintomas semelhantes aos da doença.

Em abril deste ano, a vacina recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que autorizou sua aplicação em pessoas acima dos 18 anos. No entanto, em agosto deste ano, a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, que também havia aprovado a vacina, decidiu suspender sua licença após o relato de efeitos adversos graves, que culminaram em hospitalizações e mortes.

Essa suspensão, disse Viviane Machicado Cavalcante, pode fazer com que a Anvisa também reavalie sua decisão em relação ao mesmo imunizante.

“Essa notícia é recente, do final de agosto. Há cerca de um mês, os Estados Unidos, que têm essa vacina aprovada e que já estava em comercialização, suspendeu a licença do imunizante, porque foram evidenciados alguns casos de efeitos adversos relacionados à vacina, inclusive de encefalite idiopática. O FDA suspendeu a licença, só que a gente não sabe ainda qual vai ser o posicionamento da Anvisa em relação a isso”, afirmou a médica.

Chikungunya

A chikungunya é uma doença viral transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo transmissor da dengue e do zika. Ela pode provocar dor crônica nas articulações. Os sintomas mais comuns são febre alta, dores nas articulações, dor de cabeça, dor muscular, calafrios, dor atrás dos olhos e manchas vermelhas no corpo. Em casos graves, os pacientes podem desenvolver dor crônica nas articulações que podem durar anos.

A principal forma de prevenção é o combate ao mosquito, eliminando criadouros e água armazenada em vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas e piscinas sem uso. É na água parada que o mosquito deposita seus ovos.

* A repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).

Agência Brasil

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