Aos poucos a Bahia vai retomando a fama de terra mais festeira do Brasil. Com a ampliação da vacinação contra o coronavírus, eventos vão sendo realizados em todo o estado e, felizmente, o número de infectados após as festas não está aumentando, conforme dados das secretarias municipais de saúde. A ocupação dos leitos hospitalares também tem se mantido em estabilidade.
Na quarta-feira (10), o governador do estado, Rui Costa, liberou eventos para até três mil pessoas. A decisão partiu após a estabilização de casos de covid e também a ampliação da vacinação. Em Salvador, por exemplo, houve redução de 87% no número de óbitos, entre julho e outubro, e de 75% entre setembro e outubro.
À medida que ocorre a ampliação de participantes dos eventos, produtores vivem a expectativa de que a normalidade seja logo reestabelecida. O município de Elísio Medrado, por exemplo, será palco da tradicional Jegada, no dia 11 de dezembro. “A Jegada é um evento de grandes proporções e está na contramão do que se vê nos municípios vizinhos. Nós apresentamos, para a Polícia Militar, um plano de contingência e o protocolo sanitário de realização da festa. Desde o início, quando lançamos o evento, estamos dispostos a cumprir os requisitos dos decretos e as exigências da vigilância sanitária”, explica Dayan Santos, diretor da Jegada Produções.
Um dos primeiros shows das regiões do Recôncavo e Vale do Jiquiriçá, após decreto estadual liberando público para até 1.200 pessoas, foi o de Thiago Aquino, em Santa Teresinha, dia 3 de outubro. Os dias que sucederam o evento não foram marcados pelo aumento dos casos de infectados pelo coronavírus, na cidade, conforme boletins divulgados pela secretaria municipal de saúde. Até quinta-feira (11), o município ostentava a marca de 35 dias sem casos ativos da doença.
O mesmo artista também se apresentou em Santo Antônio de Jesus, duas semanas depois, e reuniu um público estimado em três mil pessoas. Lá, o número de casos também se manteve em estabilidade durante, pelo menos, 14 dias posteriores. “Naquela época, a vigilância sanitária não se opôs ao evento. No último final de semana, vimos Mutuípe e Muniz Ferreira com grandes eventos e Jaguaquara, também. A gente tem acompanhado. A esperança é que a Jegada seja feita dentro das suas proporções naturais e da sua magnitude”, diz Dayan.
O infectologista e professor da Escola Bahiana de Medicina, Robson Reis, também não vê problema na retomada dos eventos. “Se formos analisar, de forma isolada, o momento referente à curva de transmissão, o quantitativo de leitos hospitalares – de enfermaria ou UTI -, ocupados por pacientes com covid, e a média móvel, esse momento já nos permite ampliar o público. As partes mental e social, durante a pandemia, foram bastante prejudicadas. Já é o momento que a gente pode evoluir. Você pode ir para um estádio de futebol, para um show, teatro, cinema”, explica, ao “i75”, o médico.
O boletim desta terça-feira (16), divulgado pela Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab), registrou 2.671 casos ativos de covid. A população da Bahia está estimada em 15 milhões. Portanto, 0,016% dos baianos estão com o vírus. Os leitos de UTI para doentes com o coronavírus estavam com 35% de ocupação.
Na Bahia, 98% do público-alvo, que abrange a idade a partir de 12 anos, já receberam a primeira dose ou dose única da vacina contra a covid. Oitenta e três por cento já foram totalmente imunizadas. Em Elísio Medrado, 98% do público-alvo também já receberam, pelo menos, uma dose. Os totalmente imunizados representam 84%. “Toda vacina tem uma eficácia bem alta em relação a você contrair a doença e tem uma eficácia maior ainda para evitar que as pessoas evoluam para a forma grave. Embora não seja uma eficácia de 100%, nos protegem muito”, explica doutor Robson Reis.
